A escolha do Ipê

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Por  Joberson Lopes

Na viagem de Brasília a Recife, eu observei um Ipê do cerrado que me chamou atenção pela beleza das suas flores, com uma cor fortemente amarelo; impressionante, mas o que me chamou atenção ainda mais e me levou uma reflexão enquanto dirigia pelo enorme estado da Bahia, foi ver aquele Ipê florido sozinho entre toda a vegetação seca ao seu lado, todas as outras arvores secas, com aparência de mortas e ele lá, “brilhando” seu amarelado.

 
    Fiquei imaginando como muitas vezes deveríamos está brilhando, exalando nosso aroma, imprimindo nossa marca em meio às “vegetações secas e mortas” da nossa existência, mas isso simplesmente não acontece porque, por vezes, temos receio da opinião alheia ao nosso respeito; Não florescemos porque ao nosso redor tem árvores completamente diferentes de nós e achamos melhor sermos parecidos com todos, pois sendo assim não buscaremos a atenção de ninguém, não teremos problemas, faremos uma política de boa vizinhança.
 
    Muitas vezes somos constrangidos a ser como os demais, a buscar o que os demais querem, a comer o que está na moda, a comprar o carro que é mais popular entre os amigos, a vestir a roupa da moda, a viajar para os lugares mais visitados, ainda que não gostemos desse lugar, mas se é para lá que a maioria vai, temos que ir… Entre outras coisas mais.
 
    Muitas pessoas desistem dos sonhos devido a experiências ruins de terceiros e acabam deixando de fazer o que gosta ou ir a onde gostam, simplesmente por não querer desagradar a opinião do amigo, do pai ou de outra pessoa e acabam não acreditando em seu potencial de escolha.
 
    A vida baseada somente em experiências alheias é uma ‘derrota’, pois Deus imprimiu em cada ser humano uma digital única, e vejo que com isso Ele queria nos dizer: “Vocês são únicos!” Você não é o outro, tenha as suas próprias escolhas, viva a sua própria vida.
 
    Se eu fosse ouvir o que me dizem sobre as minhas escolhas de vida, que é diferente da maioria das pessoas com quem convivo, eu não teria ido à África sem recursos próprios, não teria ido aos EUA, porque não me enquadrava em nenhum pré-requisito para conseguir o visto de entrada, não teria tido nenhuma experiência de trabalharmos com casa de recuperação devido ao perigo, entre outras coisas mais.
 
    Eu me impressionei com aquele Ipê amarelo, que mesmo em meio a toda vegetação “dizendo” o contrário para ele, que ali não era lugar de florescer, ali é lugar de ser seco, sem vida, com aparência de cerrado, ele simplesmente floresceu, simplesmente não quis fazer o promissor vestibular de medicina, como a maioria, e sim de artes cênicas, que é o que ele queria; Não querer viver a opinião dos outros, nessa sociedade dominante que quer a qualquer custo que você coma Sushi, sendo que o que você gosta é de carde de bode ao molho, é extremamente desafiante, extremamente conflitante.
 
    Jesus nos chama a um discipulado radical e diferente do sistema que rege o mundo e isso é ser um Ipê no meio do cerrado seco, é ser ovelha em meio aos lobos famintos, é andar na contra mão da sociedade. Viver o evangelho que é ensinado por Jesus é lutar contra os de dentro da sua própria casa, é ter confronto com os seus próprios pais, é estar disposto a ser renegado da família, como um muçulmano convertido ao Evangelho.
 
    Mas o prazer de florescer, o prazer de atuar nos palcos em vezes de está dentro dos consultórios médicos, o prazer de comer a carne de bode, são imensamente maiores do que fazer o que você não gosta, apenas para manter aparências, para suprir a expectativa do próximo.
 
    Nós não temos obrigação de suprir expectativas alheias, nós somos indivíduos e com isso temos formas diferentes, opiniões diferentes, gosto diferentes, habilidades diferentes e se tentarmos ser parecidos com a maioria apenas para agrada-los, nós seremos frustrados.
 
    Então seja o Ipê em suas escolhas mesmo que o cerrado te diga para não florescer, mas saiba que você foi feito da forma que você é pelo Criador de tudo que você conhece e com certeza Ele sabe muito mais que qualquer amigo, pai, irmão, ou qualquer outro opinioso que você conheça.
 
Joberson Lopes, Recife 10 de janeiro de 2013.
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