Sem categoria,

O Camping

image_pdfimage_print

Por Márcio Marques

 

Quem não gosta do livre contato com a natureza, desfrutando da beleza que se põe diante dos olhos? Do sol que sorri e traz vida? Por falar no astro rei, lembro de uma recente propaganda de protetor solar, de muito bom gosto, que diz que a vida gira em torno do sol…

O “gostar” da natureza tem várias medidas. Alguns gostam tanto que trocam o conforto de uma casa com boas instalações, banheiro privativo, ducha de água quente, colchão de espuma fabricada pela NASA e sucrilhos com leite, para viverem experiências espartanas, com baixíssimo conforto. Em suas opções, buscam maior sentido para a vida no meio de árvores, cursos d’água, sombras e sóis, sons e silêncio naturais. Partem para o camping!

Ao partirem para essas jornadas, levam consigo os itens que consideram essenciais, como faca, fogo, pedra de amolar. Principalmente os mais experientes conhecem a equação: “conforto = peso” e muitas vezes o item “não vale o quanto pesa!” Por exemplo, recolher a lenha encontrada ao longo da marcha para alimentar o fogo do final do dia é melhor do que carregar um pequeno botijão de gás.

E nas experiências da caminhada deparam-se com as pedras. Será que algum campeiro as colocará na mochila, ainda que belas ou representativas, carregando para adiante uma “mochila de pedras?”

Pois a vida se assemelha muito a um camping! Quando nos preparamos para encarar essa jornada – a vida – precisamos admitir algumas regras. Por exemplo: quanto mais desafiador o camping, mais experimentado e com registros grandiosos dele sairemos.

Também é preciso admitir que o tempo e a prática nos habilitam a campear cada vez mais longe e em áreas mais complexas. Contudo, isso não significa que os percalços não mais nos alcançarão. Na verdade, quão mais longa a jornada, maior será a probabilidade de nos depararmos com eles. A diferença é que nas longas distâncias não é possível se esquivar dos problemas… Enfrentá-los é a única opção!

Também é certo que os guias ajudam a caminhar. Eles nos mostram os destinos já conhecidos, às vezes atalhos, dando-nos a oportunidade de caminhar com segurança. Esses guias estão disponíveis dentro dos parques, para as caminhadas em que o suor é o principal produto. Na vida espiritual também contamos com eles. São os líderes espirituais que, por terem conhecido o caminho antes, colocam-se a serviço para guiar outros trilheiros.

Retomando, e a mochila de pedras? E os acúmulos? E o lixo juntado, que às vezes não é possível largar pelo caminho? É especialmente com essa carga que devemos agir com maior prudência. As pedras, seja qual for o motivo pelo qual chegaram à nossa mochila, agregam peso e complexidade à caminhada. Assim como o lixo, ocupam espaço e causam desconforto.

É necessário, então, que o campeiro use uma estratégia inteligente para caminhar com melhor rendimento: estabelecer pontos de parada! Neles, organizamos a mochila e os equipamentos – a vida e as experiências – alijando o peso extra e o lixo acumulado. Naturalmente isso deve ser feito em local apropriado, sem poluir o ambiente, que é um bem coletivo. O seu e o meu lixo nos pertencem, e não à coletividade! Eu e você é que devemos dar destino a ele, evitando agredir o ambiente.

Essa parada para ajustar a carga deixa a caminhada mais leve, possibilitando direcionar a energia para aproveitar aquilo que verdadeiramente importa: o caminho! A jornada é a própria recompensa. O destino serve de motivação, mas a jornada deve servir de inspiração. É nela onde as recordações serão talhadas… Eu sei que você já concluiu, mas serei explícito: esse caminho é a vida. Essa jornada é o viver! Viver é o que realmente importa, sem acúmulo de pedras nem lixo, mas colecionando caminhos e destinos que valham ser recordados.

Para consolidar essa experiência, sugiro você uma caminhada que recentemente eu e minha mulher fizemos,em Ilha Grande, no Estado do Rio de Janeiro. A trilha que escolhemos parte de um pequeno vilarejo onde ficam as pousadas e vai até um antigo presídio de segurança máxima, hoje desativado e parcialmente demolido. Origem e destino são separados por pouco mais de nove quilômetros (dezoito, ida e volta). O percurso é incrustado na mata atlântica, onde existem pontos de parada com fontes naturais de água potável. Nelas, o trilheiro pode se refrescar e buscar a inspiração para o próximo lance.

Vá! Valerá à pena… Mas aqui segue uma recomendação adicional, além da tradicional garrafa de água e frutas: vá olhando para fora (a natureza), para dentro (sua natureza) e para o alto. Dê a Deus (dono de todas as naturezas) a oportunidade de acompanhá-lo nesses passos e para o resto de sua jornada. Surpreenda-se com o prazer de campear a vida, com o Guia dos guias! Boa viagem…

 

0

writer

The author didnt add any Information to his profile yet

pt_BRPortuguese