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O PODER DO PERDÃO

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Como disse Gandhi: “O fraco jamais perdoa: o perdão é uma das características do forte.” Perdão é, de fato, para os fortes apenas… Posto o perdão ser, em sua essência, sinceramente abrir mão de algo que se tenha direito: uma recompensa por um agravo, ofensa ou dívida financeira ou moral de outro para comigo, simplesmente  esquecendo-se do seu direito e liberando o devedor ou ofensor, sem nada pedirem troca. Não, perdão não é para os fracos…

 

A palavra perdão, no grego significa ‘cancelar’, por isso, a palavra perdão já foi tão usada no mundo dos negócios. Em inglês perdão é forgiveness, palavra derivada de forgive, que é esquecer.

 

De fato, na prática, é muito difícil esquecer uma ofensa ou dívida de qualquer natureza. O ofendido normalmente remói e dentro de si deseja o que ele entende por justiça, a qual seja, que o ofensor “pague” pelo que lhe causou, ou por meio de uma recompensa material, ou, nesta impossibilidade, torcendo por uma desgraça espiritual.

 

Sim, quem não perdoa deseja que o outro não apenas não seja bem-sucedido, como alimenta sentimentos de vingança ou torce pelo fracasso na vida do ofensor.

 

Por vezes as pessoas perdoam de mentira e para acreditarem na inverdade repetem à exaustão para si e para os outros: “Eu já perdoe fulano. Eu já perdoei fulano. Não desejo nada de mal para fulano…” Se, de fato, me esqueci da dívida, não preciso ficar me lembrando que dela me esqueci…

 

Outra característica do perdão mentiroso é quando a pessoa ‘perdoa’, no sentido de restabelecer o relacionamento, a amizade ou até voltar para o mesmo teto, mas deixa claro em seu coração que o outro terá de se redimir, ou seja, pagar de alguma forma a ofensa e recompensar a dor. Isto não é perdão, mas sim vingança. Ler: http://www.cafecomdeus.com.br/eu-quero-vinganca/

 

Numa relação de ofensa ou dívida, quem mais perde é o que retém dentro de sua alma o ressentimento. O outro, por vezes, sequer sabe que ofendeu, ou não sabe a gravidade da ofensa, ou crê que foi perdoado e em qualquer destas circunstâncias, segue a vida. Mas quem não perdoa, ou apenas finge que perdoou, guarde o câncer do rancor que vai corroendo aos poucos a alegria de viver, oprimindo a leveza da alma e podendo, até, somatizar. Shakespeare foi brilhante quando afirmou que “Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra.”

 

Por outro lado, nunca podemos nos esquecer que, se hoje eu sou ofendido, ontem posso ter sido o ofensor, pois, assim como todos temos fartos motivos para nos decepcionarmos com pessoas, várias outras fartos motivos tiveram para de nós se decepcionarem, até mesmo sem que nos desconfiemos disto. Todos nós cabemos nos dois papéis, somos ao mesmo tempo vítimas e algozes (ler: http://www.cafecomdeus.com.br/vitima-algoz/ )

 

Há também os que não se perdoam por erros do passado e caminham como que acorrentados a uma bola de ferro chamada ‘ontem’, assim, não podem, livremente, caminhar para o futuro que os aguarda. Sim, eu já cometi muitos erros, mas preciso também me perdoar pelo meu passado.

 

Lembro-me quando a minha empresa faliu. Foram vários os elementos que a levaram para a falência, incluindo questões de mercado. Contudo, nada arrancava da minha alma o meu sentimento de culpa por eu não ter administrado os negócios de outra forma em meio àquela crise. Eu teria tido algumas opções para gerir o negócio, mas escolhi a pior delas. Não soube gerenciar a crise e assim, perdi não apenas a empresa, mas também a saúde, alguns ‘amigos’, relacionamentos antigos, a reputação, minha auto-estima, a força para poder viver e, de quebra, ganhei meio milhão de Reais em dívidas.

 

Eu chorava escondido e, apesar de em oração pedir perdão a Deus pelo meu erro, eu mesmo não me perdoava pelo meu erro. Até que um dia ouvi da boca de uma grande amiga: “Deus não terá como te ajudar a sair desta até que você mesmo se perdoe”. Entendi que Deus já havia me perdoado, mas eu não me permitia olhar e correr para o futuro, pois minha falta de perdão a mim mesmo me prendia amarguradamente ao passado. Clarice Lispector teve seu momento de epifania ao afirmar que “você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado.”

 

Não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso”, disse o poeta assertivamente, daí Jesus insistir em dizer que o limite para perdoarmos é setenta vezes sete, ou seja, tecnicamente ilimitadas vezes, bem como ele mesmo, Jesus, limitou o nosso recebimento de perdão do divino à nossa capacidade de não revidar e não guardar rancor, quando disse que a oração perfeita é esta “Deus, perdoe minha dívidas e minhas ofensas exatamente com a mesma medida que eu perdôo as ofensas recebidas e as dívidas não pagas a mim…”. De verdade, poucos oram o “Pai Nosso” com sinceridade, mas mentem para si e para Deus.

 

Se há algo que todos invariavelmente buscam para si é a tal de “felicidade”… Se alguns pensam que serão felizes ao verem seus inimigos sendo esmagados, deixo esta poesia de Fernando Pessoa:

 

“Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida.”

 

Luciano Maia

 

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